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Arranjo de projetos para tecnologias de açaí é discutido pelos centros de pesquisas da Embrapa do Pará e Amapá

U m arranjo de projetos de pesquisas para desenvolver tecnologias visando a sustentabilidade da cadeia produtivo do açaí (Euterpe spp.) no Estuário Amazônico foi o principal tema da reunião entre o pesquisador Luiz Guilherme Teixeira Silva, da Embrapa Amazônia Oriental (sediada em Belém, PA) e gestores e uma equipe técnica da Embrapa Amapá, realizada em Macapá. A programação incluiu também visita a laboratórios do centro de pesquisas da Embrapa no Amapá e aos campos experimentais localizados no Distrito de Fazendinha (Macapá), no município de Mazagão, e no km 45 da BR-156.

A programação foi acompanhada pelo chefe-geral interino da Embrapa Amapá, Nagib Melém, pela chefe-adjunta de pesquisa e desenvolvimento, Jamile Araújo. Na visita às áreas de cultivos no Campo do Cerrado, na BR-16, também estavam presentes o Secretário Estadual de Desenvolvimento Rural, Robério Nobre, e o presidente do Instituto Estadual de Desenvolvimento Rural (Rurap), Hélio Dantas. “Fiquei satisfeito com a infraestrutura desta Unidade da Embrapa. Em termos de laboratórios, por exemplo, está bem desenhada para a importância que representa para a nossa região e de forma adequada, e conta com um quadro enxuto de pessoal para a quantidade de pesquisas que desenvolve”, observou Luiz Guilherme, que atua na área de desenvolvimento socioambiental e ordenamento territorial.

O objetivo da visita técnica foi restabelecer a articulação que envolve uma proposta de projeto de zoneamento agroecológico do arranjo de projetos com enfoque no açaí, integrando uma rede de pesquisadores da Embrapa no Pará e no Amapá. Luiz Guilherme lidera a proposta de reativação do arranjo e considera o centro de pesquisas do Amapá parceiro estratégico, principalmente pelos resultados de estudos que resultaram na tecnologia do manejo de açaizais nativos de mínimo impacto de várzeas. “Estamos trabalhando para que o arranjo possa ser retomado com toda a capacidade institucional que estas duas unidades possuem para trabalharmos juntos nesta temática”.

Após a reunião técnica, no primeiro dia da agenda em Macapá o pesquisador Luiz Guilherme conheceu in loco as instalações e equipes de trabalho que atuam nos laboratórios de solos, onde o analista Daniel Araújo mostrou vários equipamentos e suas funcionalidades. Em seguida, no prédio de proteção de plantas os pesquisadores Ricardo Adaime, Cristiane Ramos de Jesus e Adilson Lima explicaram que o principal foco dos estudos é a mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae), os quais subsidiam o Ministério da Agricultura, Pecuária e de Abastecimento nas ações de combate a esta praga. Os setores visitados foram salas de criação de moscas-das-frutas e de parasitoides agentes de controle biológico e o laboratório de entomologia.

No prédio onde são desenvolvidos os estudos com produtos da biodiversidade regional, a pesquisadora Valeria Bezerra e o analista Leandro Damasceno descreveram alguns procedimentos que são realizados neste ambiente como a análise físico-química de óleos de pracaxi, copaíba e andiroba, três dos produtos vegetais pesquisados na Rede Kamukaia (produtos florestais não-madeireiros), análises de açaí processado, e mostraram a sala destinada à análise sensorial de alimentos em geral. “Fazemos aqui toda a rotina de análise de alimentos e composição. Recebemos demandas de todos os núcleos de pesquisas da unidade, não só da equipe de pesquisadores setorizados neste prédio”, informou Damasceno.

No galpão de cultivos de peixes e camarões, a pesquisadora Jamile Araújo explicou que a equipe de estudos do núcleo de aquicultura e pesca é formada por cinco pesquisadores – uma médica veterinária e quatro biólogos - além do apoio de bolsistas e estagiários. “Neste núcleo atuamos também na quelinocultura, na qual fazemos estudos em zootecnica na parte de sistemas de produção. Podemos dizer que as cinco espécies alvo deste núcleo são o tracajá, tambaqui, pirarucu, apaiari e o camarão-da-Amazônia, e temos perspectivas de trabalharmos também com o camarão pitu”. A visita continuou nos laboratórios de aquicultura e na Unidade Demonstrativa de Criação de Tracajás da Embrapa Amapá, instalada com recursos do Projeto AmapaJá, financiado pelo Banco da Amazônia.

O roteiro do pesquisador Luiz Guilherme incluiu visita técnica ao Campo Experimental de Fazendinha e de Mazagão, na tarde do dia 7 de março, e foi encerrado no dia seguinte, pela manhã, com a visita ao Campo Experimental do Cerrado, localizado no Km 45 da BR-156, rodovia que liga Macapá a Oiapoque, município do extremo norte do Amapá. Em Mazagão, o chefe-geral interino Nagib Melém, o técnico agrícola Izaque Pinheiro e o assistente deste campo experimental, Adjalma dos Santos Souza, mostraram ao visitante um experimento que faz parte do arranjo de projetos de pesquisas de açaí, tendo como objetivo a determinação de adubação do açaizeiro em produção. No Campo do Cerrado, Luiz Guilherme conheceu atividades que fazem parte do cultivo de açaizeiro em terra firme. “No momento desenvolvemos duas atividades neste experimento no cerrado amapaense. Uma que trata da determinação do açaizeiro em formação durante os três primeiros anos desta espécie em cultivo; e uma voltada para verificação de espaçamento entre as plantas”, explicou Nagib Melém. Ainda no Campo do Cerrado, a equipe visitou as áreas de cultivos de mangabeiras, seringueiras, pupunheiras e outras espécies adaptadas ao ambiente de cerrado amapaense. Como um dos projetos do arranjo TecEuterpe contempla o levantamento de dados junto a produtores locais, foi viabilizada também uma reunião entre o pesquisador visitante, o chefe-geral da Embrapa Amapá, o chefe adjunto de Transferência de Tecnologias Antonio Claudio de Carvalho, e o produtor Paulo Márcio Brunswick, que investiu em cultivo de açaí em terra firme no município de Amapá.

Dulcivânia Freitas (DRT-PB 1.063/96)
Embrapa Amapá